é sobre florescer em movimento, ou seja, continuar se construindo e se amando mesmo diante dos dias gris.

A arte de estar presente.

O que é estar presente?

Num mundo acelerado, disperso, entupido de informações rasas, sensacionalismo e estímulos o tempo todo… o que, afinal, significa estar aqui, agora?

Em um dia chuvoso, mesmo com o tempo correndo e uma tonelada de responsabilidades — produzir, pagar, dar conta — tudo parece urgente.

Tudo é rápido.

Tudo é superficial.

Mas quando eu entro em mim… algo muda.

Estar presente, pra mim, é esse instante em que paro. Respiro.

Pego um cafezinho e me permito sentir.

Só sentir.

Não penso no que vem depois, nem no que faltou fazer. Apenas presto atenção no que está acontecendo dentro de mim.

Às vezes vem o branco.

Outras vezes, um emaranhado de confusões e pendências, tudo bagunçado como uma gaveta que nunca tem tempo pra ser arrumada. E aí, eu perco o eixo. Entro em crise de existência.

Por mais que o mundo me empurre pra ser o que ele precisa — um adulto funcional, produtivo, saudável, mentalmente estável — a verdade é que esse mesmo mundo tem me adoecido.

Ele cobra que eu faça terapia, mas foi ele quem extrapolou minha paz.

Foi ele quem bagunçou minha saúde mental.

Hoje, estar presente em meio ao caos já não é só um ato de autocuidado.

É uma forma de resistência.

Uma revolução silenciosa contra o ritmo enlouquecido do hiperconectado, do hiperinformado, do hiperestimulado.

Descobri que meu cérebro funciona melhor à noite, quando o mundo desacelera.

Quando o comércio fecha, os carros diminuem e as luzes começam a apagar... é nesse silêncio que eu me permito existir por inteiro.

É quando encontro o meu estar presente.

E agora mesmo, enquanto escrevo, eu estou.

Sinto a brisa gelada entrando pela porta da sala.

Ouço a playlist chamada CreativeMind.

Respiro o cheiro doce da minha vela de baunilha.

Escuto os filhotes da Lizie chorando baixinho enquanto mamam.

Lá fora faz frio.

Mas aqui dentro… há uma paz.

Uma paz isolada que só sinto quando volto pra mim.

É assim que a escrita se tornou o meu jeito de estar.

De voltar.

De existir para mim, e não apenas para o mundo.

Porque o mundo… ele me consome só de eu abrir os olhos.

Automaticamente, pego o celular.

Talvez eu não tenha medo da alienação consciente, porque estou consciente.

Mas em poucos minutos, sou tragada por uma rotina que me afasta de mim.

Eu entro no modo automático.

E nesse piloto desligado, esquecemos.

Esquece o que sente.

Esquece a importância de sentir.

Esquece por que começou.

No raso, tudo é mais fácil.

Você não precisa mergulhar, não precisa lidar com o que tem dentro.

Só corre.

Só cumpre.

Só funciona.

E aí, quando o mundo finalmente silencia, você se vê numa crise existencial porque não teve, em nenhum momento, tempo de estar com você.

De olhar pra dentro e perguntar:

Por que tudo isso? Pra quê?

No fim, é tudo sobre isso:

Estar.

Sentir.

Ter clareza de si mesma.

Porque, mesmo em meio a tantos momentos vazios,

é a presença — verdadeira, sentida, vivida — que nos mantém vivos.