#000225 – 29 de Junho de 2020
Empírico era um colecionador de factos. Sua mãe, Coerência, tinha-o alimentado a colheradas de curiosidade e sopa de letras. O pai, Impulso, esteve ausente, a trabalhar em coisas mais importantes que a vida familiar. Empírico era um pouco amargo mas muito generoso. Via a sua mente como a um jardim e as ideias como a espécies de plantas com características e necessidades diferentes. Um jardim é um ecossistema gerido pela estética. O pensamento humano, ensinou Coerência ao filho, é local em que as ervas daninhas também tentam vingar. Empírico gostava do silêncio, esse espaço em que os detalhes são mais visíveis. Era um observador, um cuidador do inesperado, um explorador de possibilidades. Os factos, foi descobrindo Empírico, têm uma estranha inércia. Só quando os colocamos em movimento é que ganham sentido. Empírico namorou Liberdade. E de repente o mundo ganhou cor, som, energia.