#000233 – 07 de Julho de 2020
Depois do cataclismo, sai-se para o mundo e tudo é diferente. Na ficção científica, bunkers, túneis, subterrâneos, casas abandonadas ou apenas escombros são o refúgio dos sobreviventes do apocalipse. Esse olhar de quem regressa para ver o que resta foi contado de muitas formas diferentes.
Mas um confinamento global não foi previsto. Nem esta forma de gerir o espanto, de executar a normalidade.
O mundo muda, há motins na América, há populismo como sempre, há fake news. A interação com a realidade continua a ser mediada por ecrãs. Os ecrãs, aliás, passaram de mediadores a bem de primeira necessidade. A mudança lá fora é pouco radical, mas talvez irreversível. Não sabemos o que muda nem para o quê. Mas vemos em direto o nosso próprio cabaret, prontamente transferido para a nuvem da nossa subtil cibernética.