#000260 – 03 de Agosto de 2020
No início do século, eu usava a internet como quem entra numa biblioteca. Passaram-se anos e agora os algoritmos querem ver-me zangado, envolvido nas discussões dos outros. Quando se entra numa biblioteca, as pessoas devem falar baixo ou calar-se mesmo. Quando se abre um livro, esse silêncio abre espaços incriados. Os ecrãs são ruído feito arma contra o nosso sossego. Para muitas pessoas mais novas que eu, a ideia de ligar é quase tão estranha como a ideia de desligar. A internet não se visita, nem se apaga, nem se controla. É o sistema nervoso do mundo.