#000266 – 09 de Agosto de 2020
Salman Rushdie também fala sobre a realidade. Diz que no auge do romance realista, há quase 200 anos, leitor e escritor partilhavam um entendimento comum sobre o que é real. Por muito que a sua política ou metafísica diferissem, as suas posições eram posições diferentes sobre uma mesma realidade. Agora, pela forma como uma pessoa descreve a realidade conseguimos perceber de imediato quais as suas posições políticas e culturais. Não há uma realidade comum. O imaginário é importante porque é um espaço para continuar a defender que a realidade existe e que importa. Vou-me aproximando do Realismo Especulativo de Graham Harman. Estes tempos são tempos em que é necessária uma enorme resistência ontológica. É preciso combater a propaganda não com propaganda de sentido contrário, mas com a defesa do real. Neste início do século XXI, o maior acto de subversão é demonstrar que existe algo para além de uma perspectiva individual ou identitária.