#000299 – 12 de Setembro de 2020
O cursor que pisca. Uma tábua de madeira ou argila ou gesso, um pergaminho, um codex, uma folha numa máquina de escrever. Todos estes meios de registar palavras são mudos. O silêncio com que acolhem quer frases quer nada não sugere que aguardam uma acção de quem escreve. Já um cursor pisca em expectativa e assinala mesmo o local preciso do próximo caracter. Essa pulsação acontece na fronteira entre a mancha de grafemas e o resto da página, ainda branca. O cursor é um metrónomo que marca o compasso da laboriosa ansiedade do escritor.