#000321 – 04 de Outubro de 2020

Durante anos, escrevi em papel com caneta de aparo. O som no papel, a forma da tinta se espalhar e o próprio ato de desenhar grafemas criam uma intimidade de que sinto falta. Há também algo que o Neil Gaiman, que escreveu vários romances assim, refere. A escrita torna-se mais cuidadosa, porque se quer evitar riscar e corrigir a toda a hora. Paramos, pensamos e escrevemos de forma mais consciente. É talvez algo próximo do ofício da poesia, da lentidão intensa com que os versos nos usam como mediadores, antes de se inscreverem no papel.