#000363 – 15 de Novembro de 2020
A liberdade é como o tempo. Mais que conceitos paradoxais, são matéria essencial da vida humana. O tempo, quando o preenchemos voluntariamente desaparece tornando-se nosso e passado. A liberdade, exercêmo-la ao restringi-la com decisões que nos limitam e atiram para o futuro. Tiram-nos o tempo e ficamos sem liberdade. Ameaçam-nos a liberdade e temos de inventar tempo para a recuperar. Pensamos muito numa ou noutro e deixam de ser naturais, como quem interrompe a respiração ao se deter nela. O tempo presente e a liberdade de ser precisam de espaço, de um desapego em relação ao que foi e ao que será. Não é um problema, é um recurso que, desiludidos, podemos passar a detestar, como quem amaldiçoa o peso da água que tem de carregar ao atravessar um deserto.