#000399 – 20 de Dezembro de 2020
Apocalipse. Cada história sci-fi tem as suas variações sobre o fim-do-mundo. O que nunca existe é a regularidade do noticiário das 8. Estes tempos de pandemia são ainda outra coisa. Num cenário distópico ficcional clássico, um dos primeiros sinais da ruptura civilizacional é a falta de fontes noticiosas credíveis. A relação com a realidade perde qualquer mediação e entra-se de novo em território de mito e medo, de suspeição e paranoia. O que é novo, e a ficção poderá, com alguma distância, gerar espaço de reflexão, é a coexistência de paranoia e descrença com a normalização institucional. A pandemia acentua esta tendência dos últimos 5 anos de explicar cada vez mais, tendencialmente tudo, com cada vez menos, forçosamente teorias da conspiração.