#000546 – 16 de Maio de 2021
Quem é que vai fazer? A pergunta confunde o meu pai e confunde-me a mim. Nenhum dos dois sabe o nome do médico. O enfermeiro não explica, repete a pergunta em tom de professor da primária a falar com um aluno impertinente. Mas eu, que tenho um ecocardiograma marcado, sinto que me fazem coisas, que me examinam. Sou sujeito passivo. Agora reparo que os médicos dizem coisas como “vai fazer 2 comprimidos de 8 em 8 horas”. Mas no meu ponto de vista, os comprimidos é que fazem coisas ao meu organismo. Há uns anos lia o Arno Gruen que chamava a atenção para a desigualdade na relação médico / paciente. Dizia ele que se trata de uma relação de poder em que o paciente se submete ao médico. Agora, reparo que as linguagens de um e outro são diferentes. Não são complementares.