#000757 – 24 de Setembro de 2021

Na ficção, só sei começar pelo título. Ao longo dos anos, acumulei vastas listas de títulos. Guardo listas de contos, enumerados pelos títulos de cada história. Dezenas e dezenas de sinopses. Coleciono títulos que poderei nunca usar, como um botanista recolhe sementes. O título cristaliza a imagem que me originou o impulso de contar uma história. É a semente, não a descrição sumária. É mais uma etiqueta que coloco num trabalho em curso, não um nome final. Às vezes acabo uma história e o título não serve, mudo várias vezes, custa-me encontrar um que resulte. Mas é mais comum ficar o título original, coisa que aconteceu com os meus títulos favoritos. Agrada-me esta ideia. Idealmente um título seria sempre a origem da história. Assim, fico a representar a árvore pela imagem do seu rebento, não pela sua designação científica.