#000791 – 28 de Outubro de 2021

Oito anos depois acerto de novo com a cara no asfalto. A espia do travão soltou-se e atingi o solo com espalhafato chaplinesco. Entre as primeiras quedas, em criança, e a de há pouco, muita coisa mudou. Parece que o tempo desacelera ainda mais, no instante antes do impacto. Muitas imagens e possibilidades passam pela cabeça, e nem o pânico se instala. Sobreviver, uma e outra vez, ensina a corpo a preparar-se para o inevitável, em vez de se abandonar ao pânico. A dor, essa, vem sempre, e as consequências físicas. O medo sereno que sinto agora, como a um fundo emocional, esse medo razoável feito de análise e projeção, vai fazendo ligações dentro de mim, para me proteger no futuro, de riscos estúpidos, sobretudo de riscos desnecessários. Se tivesse as proteções de pulso, cabeça e joelhos dos patins, o que aconteceu teria sido mero susto.