#000837 – 13 de Dezembro de 2021
Lembro-me de ser imortal. Não eterno, mas jovem o suficiente para não suspeitar da morte. E atravessar o país, num autocarro apontado ao sul, a falar com um neozelandês sobre o ano 2000. Nessa altura, 25 anos eram idade longínqua mas plausível, um lugar no futuro com uma versão de mim adulta. Talvez ainda pensasse que teria filhos, vários, aos 25. Ou talvez estivesse já mais distraído do mundo e de mim. Em pouco tempo, outros 25 anos terão passado. E já o futuro não é esse infinito que não vale a pena contar. Perdi também a eternidade ao ficar ateu. Agarro-me com mais sofreguidão à terra, com unhas e os dentes que me sobram.