#000871 – 16 de Janeiro de 2022
O cão da vizinha a ladrar de manhã à noite. O frio que habita os pés. Tornozelos em ferida. A cicatriz do mindinho direito, que me esqueci de tratar com o bepanthene. O robe, o cabelo desgrenhado, a barba de uma semana. A barriga a espalhar-se sobre as pernas, sempre que me sento. A irritação de velho, de bicho caseiro. Um dia invernoso, mesquinho, previsível. E essa bolha de repetição e atrofio que rebenta, quando me atiro à página e escrevo. A obsessão em fazer a história avançar usa tudo o que tenho, o pouco que faço e sou. E implode em cores sci-fi.