#000912 – 26 de Fevereiro de 2022

Sonho é palavra complicada. Escrevê-la, sem contexto, é arriscar que se assuma o significado figurativo. É necessário referir o sono, a cama, dormir, a noite, ou qualquer outro termo deste campo semântico para deixar claro que não se fala de aspiração ou de objectivo, ou de desejo. Apercebo-me até, pela primeira vez, que chamar sonho a um objectivo é um pouco triste. Parece remover da realidade um pensamento consciente e classificar como fantasia algo que se deseja concretizar. Ao fazer isso, também menoriza os sonhos que temos ao dormir. O colapso dos dois conceitos num único parece colocar tudo aquilo que chamamos sonho num lugar irrelevante que distorce ou desconhece a realidade e que, por isso, comete o pecado de não ser realidade. Ora os dois tipos de sonho são realidade. O que sonhamos a dormir acontece na nossa fisiologia. E os pensamentos que nos movem geram comportamento. Sonhar é real.