#001096 – 31 de Agosto de 2022

Em 1999, os Paradise Lost lançavam “Host”, um álbum muito próximo de Depeche Mode. Nem vestígios do death-doom que os celebrizou. Na altura perderam fãs, mas ganharam o respeito de muitos. No mundo do heavy metal de há 20 anos, mostrar o lado pop era um ato de coragem. As novas bandas de metal cresceram num ambiente de enorme mistura de influências. Os músicos destas gerações alimentaram a sua fome de música de forma atomizada e através da internet. Cada um se tornou uma mistura única de influências e gostos, em vez de um representante de uma subcultura hermética e fechada. Ainda assim, bandas como os Defhaven conseguiram gerar ódio numa das bolsas de resistência reacionária mais empedernidas, o black metal. Este movimento que desconstruiu, desmantelou mesmo, reinventando, um género, foi muito mal recebido pelos defensores de uma estranha forma de purismo. Defender a pureza do black metal é obviamente uma antítese. Mas estas vozes feridas de orgulho não conseguiram evitar que o género fosse completamente apropriado e misturado com todas as impurezas possíveis, o que gerou música muito interessante, como a de Panopticon. Esta terceira década do nosso século começou já sem as amarras com que muitos queriam, há dez anos atrás, manietar os músicos que se abeiravam do black metal. Não é por isso, escândalo nenhum um álbum como “Infinite Granite” na discografia dos Defhaven.