#001099 – 03 de Setembro de 2022
Tenho medo de enlouquecer. Tenho medo que a espondilite piore muito, de cair e ficar numa cadeira de rodas. Tenho medo de ficar com Alzheimer, como outras pessoas da minha família. Tenho medo de perder os meus amigos. Tenho medo de perder prematuramente as pessoas que amo. Tenho medo de perder a esperança, de ficar amargo e cheio de ódio. Tenho medo que os meus sobrinhos recebam como herança um planeta demasiado instável e perigoso, que o seu futuro esteja em risco. Tenho medo de ficar sem dinheiro nem emprego nem casa. Tenho medo da decrepitude do corpo e da intensidade da minha preguiça. Tenho ainda algum medo do escuro. E um medo estúpido de coisas em que nem acredito, como fantasmas. Do medo, tenho cada vez menos medo.