#001111 – 15 de Setembro de 2022
A maior parte das viagens no tempo, na ficção científica, são descritas como viagens entre sítios distintos. O futuro e o passado são lugares, que convivem com o presente. Esta concepção recorre à ideia de linhas temporais diferentes. Há teoria suficiente na ciência, por exemplo a Interpretação de muitos mundos da física quântica, para alimentar a verossimilhança desta abordagem. É esta forma de pensar que gera espontaneamente a ideia dos paradoxos temporais. Se viajar no tempo fosse entrar numa máquina e sair no futuro ou no passado, isto não aconteceria. Mas estas histórias fazem do passado e do futuro lugares reais, que ainda existem ou que já existem. E por isso o teletransporte para lugares onde estivemos, mais novos, ou onde estaremos, mais velhos, é possível. Segundo a interpretação de muitos mundos, sempre que há escolhas, cada uma se realiza, num mundo diferente. Na ficção isto ajuda a dar uma estrutura teórica aos paradoxos, explorados por exemplo, na comédia Regresso ao Futuro. O título já sugere a teoria. A personagem principal, depois de interferir com o seu próprio passado, coloca o presente em perigo. E as suas peripécias são uma tentativa de restauras as coisas, de voltar à linha temporal de que saiu, para viajar. A ideia de que linhas temporais diferentes, ou mundos diferentes, coexistem é explorada em algumas das séries mais recentes de Star Trek. Versões da humanidade diferente cruzam-se, versões diferentes das personagens conhecem-se e interferem nos respectivos mundos.