#001141 – 15 de Outubro de 2022

Gosto de números. Da sua nitidez, de como são ingredientes de toda a criatividade científica, até da especulação mais ousada. São uma forma de comunicar o que descobrimos sobre a vida, o universo, a humanidade. Têm pouca nuance, o que evita a ambiguidade. A linguagem, obviamente, é sobretudo ambiguidade. Uma mesma palavra pode significar intenções, sentimentos diametralmente opostos. O tom, o contexto, o olhar fazem de uma palavra meiga uma agressão, de uma ameaça uma brincadeira. Não há absolutos, quanto às palavras. Já os números são a forma de formular o que existe independentemente da nossa interpretação. Só com a linguagem comunicamos as descobertas formuladas com números. E são as disciplinas matemáticas, como a lógica, que estruturam a linguagem. Não há nenhuma oposição entre números e letras. Os antigos, sensatamente, faziam pouca distinção entre matemática e filosofia.