#001230 – 15 de Janeiro de 2023

No futebol o árbitro tem um papel estranho. É um disciplinador, alguém que está ali para segurar o jogo, pôr água na fervura, uma figura de autoridade, que concentra as frustrações dos adeptos e dos atletas. O seu papel principal é errar, ser odiado, para que o dia seguinte gere conversa acesa. Nas outras modalidades de equipa com bola não é assim, não se fala do esotérico “critério do árbitro” e conceitos como o de “árbitros que deixam jogar” por oposição a árbitros que assinalam “demasiadas” faltas seria incompreensível. É a modalidade desportiva mais bem sucedida de sempre e a mais conservadora. Irrita-me, porque gera momentos de grande beleza visual, de proeza física impressionante mas muitas regras estão completamente desajustadas à actual realidade desportiva. O anti-jogo é parte essencial deste desporto. As regras e a cultura de arbitragem protegem quem defende e punem quem ataca. E ninguém parece muito incomodado com isso. É pena.