#001246 – 31 de Janeiro de 2023
Jaron Lainier defende que o uso da realidade virtual nos faz ganhar mais sensibilidade sensorial. Diz ele de forma idealista que passamos a ser mais exigentes em relação à realidade, que nos deixamos enganar menos facilmente. Acha ele que, ao contrário de cada vez ser mais difícil de distinguir a realidade do virtual, ao aumento de resolução da tecnologia corresponde um aumento da capacidade dos nossos sentidos de distinguir subtileza e detalhe . É talvez demasiado optimista, mas sendo um dos pioneiros da realidade virtual, não lho podemos levar a mal. E, na verdade, eu desejo que isso aconteça de alguma forma com a inteligência artificial. Que a verdadeira originalidade humana se torne mais nítida, precisamente porque mais preciosa e rara, por entre tanta simulação mais e mais convincente. Não me quero casar com a tecnologia, quero que seja mera ferramenta. Ideias como a de Hannu Rajaniemi, de escrever livros de narrativas mutáveis, que se adaptam às reações inconscientes do nosso sistema nervoso central parecem-me de pouca utilidade para o avanço da criatividade literária. São inevitáveis. Mas não são um futuro promissor, são apenas o presente que conseguimos, até agora, sonhar.