#001312 – 07 de Abril de 2023

O Lukaku foi insultado na sua dignidade humana. O racismo tem uma longa e odiosa tradição. Sempre que um africano ou uma pessoa de origem africana sofre este abuso, além do imediato desrespeito, há o peso de séculos de colonialismo em que pseudo-ciência e ideologia foram usadas para fundamentar a violência e a exploração de seres humanos. Os adeptos da Juventus sabem, à sua maneira, disto. Lukaku sabe muito melhor. Não terá sido a primeira vez que sofreu na pele o preconceito dos outros sobre a cor da sua pele. Aos insultos, Lukaku respondeu com profissionalismo e ainda marcou golo. A sua celebração é uma vitória sobre a violência e a indignidade. Um dedo sobre os lábios. Há algo de nobre, e de imensamente corajoso, em não perder a calma perante uma multidão agressiva. O árbitro foi de uma indesculpável insensibilidade. Não o deveria ter expulsado. O que eu gostaria de ver era o repetir do gesto de Lukaku, cada vez que um jogador, em qualquer parte do mundo, marcasse um golo. Que a solidariedade se espalhasse e o jogador, que foi duplamente insultado – pelos fãs e pela expulsão com cartão vermelho – tivesse assim a certeza de que não está só, muito menos errado.