#001432 – 06 de Agosto de 2023

Uma missa organizada por pessoas LGBTQI é interrompida. Quem invadiu a celebração começou a cantar em latim, empunhava cruzes e envergava véus. Durante vários dias, os organizadores da missa receberam ameaças nas redes sociais. Tinham mudado o local da missa em cima da hora e prevenido a polícia. O contexto é o da visita do Papa, por ocasião das jornadas mundiais da juventude em Lisboa, em que o Papa disse que a Igreja é para todos e só devemos olhar alguém de cima para baixo para o ajudar a levantar. Quem ali foi interromper a missa de alguns católicos queer claramente não acredita no mesmo que o Papa. Não aceita que a Igreja Católica é para todos e olha para pessoas LGBTQI do alto de milénios de maus costumes, perseguição e intolerância. Soube agora disto e acredito que, sendo um episódio que envolveu poucas pessoas, é já ilustrativo da aliança entre ultraconservadores e extrema direita em Portugal. Como nos fascismos, incluindo o Estado Novo, os que odeiam a democracia e que se aproximam do poder têm interesses estratégicos e afinidades com as sensibilidades cristãs mais reacionárias. Há que ficar alerta e e estender já a solidariedade aos que continuam a ser alvo de perseguição na sua diferença, na sua humanidade.