#001555 – 08 de Dezembro de 2023

A liberdade é ceder ao impulso, cortar as amarras do medo, dizem. Ou, pelo contrário, é sermos o próprio legislador da nossa vontade. Para outros, a ideia de que não há livre arbítrio tem por consequência não haver também liberdade. Já um budista procura a liberdade combatendo a ignorância. Teoricamente é por aí que o meu temperamento encontra sentido. Não havendo livre arbítrio, ganhar consciência é criar possibilidades de emancipação do íntimo. Ser livre não é ter todo o poder, toda a latitude, muito menos ter nenhuma responsabilidade ou nenhuma limitação. É antes conhecer os impulsos que me atiram para fora de mim, os automatismos que me condicionam pelo hábito, os medos que me impingem ameaças mentirosas. Mas o meu comportamento anda, ainda, muito longe das boas intenções da minha estrutura ética.