#001728 – 29 de Maio de 2024

Disse James Baldwin “no one's ever wanted, really, to be free”. E muitos, os poucos com algum poder, não só não querem como se empenham em que os outros não sejam livres. Uma pessoa livre pode virar costas a uma situação de exploração, de abuso, de coação. Basta enunciar as coisas assim, para termos de acrescentar que todas as pessoas devem poder virar costas a uma situação de exploração, de abuso, de coação. E por isso a liberdade se tem de tornar um imperativo moral, uma necessária estrutura ética, um objectivo colectivo obrigatório para qualquer sociedade, grupo pequeno, organização ou país. Não a liberdade de que os social-darwinistas ou libertários de direita falam, que é precisamente a liberdade de explorar sem consequência, mas a liberdade que nos une e co-responsabiliza como um bem comum, um objectivo de todos os seres humanos. O pessimismo de Baldwin é compreensível e tem uma grande profundidade ética: a de que mesmo tragicamente falhando, temos de lutar pela liberdade e pelo amor. A vida só é bela e justa assim. Não sou pessimista, só por achar que havendo forma de a vida valer a pena, mesmo em estrondoso falhanço, já me torna, aos meus olhos, optimista.