#001769 – 09 de Julho de 2024

Gregório Duvivier refere-se à afinidade da metáfora com a piada. Fala de Borges a Ricardo Araújo Pereira. O autor argentino, lembra Duvivier, disse que todas as palavras são metáforas. Nenhuma palavra entra numa língua virgem de sentido, como um mero fonema. Tela, por exemplo, foi a palavra escolhida para a superfície onde o filme é projectado porque fazia lembrar as telas dos quadros. E a mesma coisa para a tela de um celular (o ecrã de um telemóvel), que por sua vez lembra a tela do cinema. Avança Duvivier dizendo que uma metáfora funciona quando é suficientemente nova mas ainda assim relevante. Uma metáfora é uma nova forma de dizer algo, mas que é inteligível. As palavras são metáforas mortas, segundo Borges. Uma piada, para funcionar e gerar o riso, não pode ser uma mera repetição, mas também não pode ser tão estranha que não tem significado perceptível.