#001894 – 03 de Agosto de 2024
Envergonho-me por perder a calma. Na autoestrada mostro um dedo do meio a um condutor que se colou atrás de mim, a ligar e desligar os máximos. Depois de passar por mim, seguiu, felizmente, a ziguezaguear entre as três faixas, como se estivesse num jogo de computador. Nos países que visitei, e em alguns conduzi, nunca vi este hábito tão português, que se torna um valor: a ideia de que estar sempre a mudar de faixa é mais seguro do que mantermo-nos na mesma faixa. Quando, como hoje, há muito trânsito, e todas as faixas têm carros, se formos pessoas sensatas, devemos circular na faixa em que os carros circulam à mesma velocidade que nós. Mas para os psicopatas como este condutor, que me tentou intimidar, numa situação com dezenas de carros à nossa volta, andar constantemente a mudar de faixa é que mostra a sua aderência à regra “circular na faixa mais à direita”. Escrevo e recupero o gosto acre da raiva. Por isso abandono o texto aqui. Não conseguirei dizer nada de útil.