#002015 – 03 de Dezembro de 2024

O teorema do macaco infinito sugere que um macaco a martelar de forma aleatória uma máquina de escrever para sempre acabaria por escrever todas as as combinações de letras possíveis, incluindo, por exemplo, as obras completas de Shakespeare. N' A Biblioteca de Babel, do Jorge Luis Borges, o narrador vive num universo em que cada pessoa vive numa sala com quatro paredes cobertas de prateleiras de livros. Os livros, vamos descobrindo, contêm todas as combinações possíveis das letras do alfabeto. Este conto de Borges é um exemplo de como funciona a construção de uma narrativa de ficção científica.

Se o ponto de partida for o teorema do macaco infinito, a ficção centrada no enredo cria uma crise para o macaco, fá-lo passar por peripécias e depois tem um desfecho. Já a ficção científica constrói um universo com a premissa, onde as personagens viverão. Em alguns casos, basta a construção, nem é necessária narrativa, como n' As Cidades Inviséis de Calvino. Noutras, existe a construção e também o enredo, como em Changing Planes, da Ursula K. Le Guin.