#002076 – 02 de Fevereiro de 2025
A palavra meritocracia faz pouco sentido. Monarquia, democracia, autocracia, oligarquia, todas referem que pessoas estão no poder. E esse é um bom foco. Quem toma decisões é o aspecto mais importante de uma sociedade. Mas a palavra meritocracia não o menciona. Não podemos, obviamente, extrapolar e dizer que “é o mérito que toma decisões”. Em qualquer sociedade ou grupo que se defina como meritocrático, a primeira pergunta deveria ser sempre: “quem decide os critérios para avaliar o mérito?”. Essa pergunta não tem resposta, para os meritocratas. Ou a resposta não é central. O próprio conceito de meritocracia não é um proposta de como organizar a sociedade, mas uma designação do que os seus proponentes consideram natural. Para estas pessoas, “quem tem mérito, naturalmente sobe na vida, triunfa”. E esta assumpção está ligada à crença no Darwinismo Social, que defende que os mais fortes, ou mais aptos, naturalmente são os que irão dominar a sociedade. Meritocracia é um conceito que apenas pretende tornar mais fácil de engolir o darwinismo social. Ninguém se pode atrever a dizer que “não, o mérito não deve ser recompensado”. Pois bem, não é essa a questão. De novo, a questão é: quem decide, quem está no poder?