Pulsar
Em 1967, a astrofísica britânica Jocelyn Bell Burnell descobriu que alguns objetos celestes emitem pulsos (oscilações de alta frequência) de ondas de rádio. Inicialmente, pensou tratarem-se de mensagens de origem extra-terrestre, pelo que designou esses objetos de Little Green Men (LGM). De facto, tratam-se de estrelas de neutrões, ou seja, de objetos com 20 a 30 Km de diâmetro e com cerca de 1.4 vezes a massa do nosso sol que correspondem à fase terminal de algumas estrelas. Os designados #pulsares caraterizam-se por rodarem sobre si próprios a alta velocidade, emitindo os referidos pulsos de rádio com períodos de retorno de milissegundos.
No final de 2023, o radiotelescópio australiano CSIRO ASKAP detetou um objeto estranho, designado por ASKAP J1832−0911, que emite ondas de rádio durante dois minutos com um período de retorno longo (44 minutos), não se tratando de um pulsar fruto da sua elevada luminosidade. Face a outros sete objetos semelhantes já identificados, tem a particularidade de emitir também raios-X. Outra peculiaridade é que não é detetável em registos de ondas de rádio de 2013 a 2023, pelo que terá começado a emitir apenas em dezembro de 2023, com um segundo pico em fevereiro de 2024 e fluxo descendente desde então.
Num artigo recente publicado na revista Nature, com pré-impressão disponível para descarga no repositório arXiv, a equipa liderada por Ziteng Wang afirma que o ASKAP J1832−0911 tem propriedades únicas entre os objetos celestes conhecidos, carecendo de uma nova explicação. Talvez se trate de uma anã branca (fase terminal de uma estrela semelhante ao nosso sol) altamente magnetizada num sistema binário com outra anã, ou de uma estrela de neutrões com um forte campo magnético (magnetar), mas estas explicações são insuficientes. Será que foi desta que descobrimos os “Pequenos Homens Verdes”?
Enquanto este mistério não é desvendado pela ciência, todos podemos ir ajudando na deteção e estudo de pulsares. Basta instalar a plataforma de computação partilhada para a ciência BOINC e depois associar o projeto Einstein@Home. O nosso computador passará, então, a contribuir com o seu poder de cálculo para o estudo de ondas gravitacionais, para a deteção de pulsares a partir de fontes de raios gama, ou para a respetiva deteção a partir de ondas de rádio.
Também podemos ajudar, através da inspeção visual dos gráficos gerados por esse processamento partilhado de dados, o projeto de ciência cidadã Einstein@Home: Pulsar Seekers.