Viajar
No passado dia 1 de julho, o observatório ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), localizado no Chile, detetou um objeto de origem interestelar no nosso sistema solar. De acordo com a NASA, trata-se de um asteroide oriundo do centro da nossa Via Láctea, mais precisamente da constelação de Sagitário. Segue uma trajetória hiperbólica, pelo que não orbita em torno do nosso sol, e desloca-se a grande velocidade (221 mil Km/h ou 61 Km/segundo). Foi detetado na órbita interior de Júpiter e deverá passar entre as órbitas de Terra e Marte, mas sem perigo para o nosso planeta azul.
O designado 3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar detetado pelos humanos. O primeiro foi o 1I/Oumuamua, descoberto pelo telescópio Pan-STARRS1 da Universidade do Havai em 2017, e o segundo foi o 2I/Borisov, um cometa descoberto por um astrónomo amador da Crimeia em 2019.
A natureza do primeiro objeto interestelar que nos visitou, cujo nome significa “um viajante que vem de longe e chega primeiro” em Havaiano, continua envolta em grande incerteza e polémica. É, em geral, aceite que o Oumuamua tinha uma forma oblonga, como um charuto, fruto da variação da sua luminosidade por um fator de dez. Além de ser pequeno e ter uma forma peculiar, era extremamente luminoso, como se fosse feito de metal brilhante. O mais estranho é que a sua trajetória desviou-se, ao aproximar-se do sol, mais do que seria suposto. Estas anomalias levaram o astrofísico Avi Loeb da Universidade de Harvard, EUA, a avançar com a hipótese de se tratar de um objeto produzido por outra civilização, dotado de uma vela solar como o satélite LightSail 2. Toda a história é contada no livro (obrigatório) Extraterrestres: O Primeiro Sinal de Vida Inteligente para Além da Terra, editado pela Oficina do Livro em 2021.
Talvez tenha sido a nave do conde Dooku, que aparece no Episódio II de Star Wars. É que também tinha uma dessas velas que permite propulsionar uma nave com a força da luz solar.
Para já, o novo objeto 3I/ATLAS parece envolto em menos polémica. Em todo o caso, um assunto a seguir com atenção nos próximos meses, especialmente em outubro quando o 3I/ATLAS alcançar a distância mais curta face ao sol. Será que também mudará de trajetória, como o Oumuamua?